segunda-feira, agosto 13, 2007

A Rainha

No intervalo de uma semana, entre o fim de agosto e o começo de setembro de 1997, um mundo de mudanças se abateu sobre a realeza da Inglaterra. O que era secular se modernizou, o que era dogmático se flexibilizou e o que era particular se tornou público. Depois daquela semana, em que morreu a ex-princesa Diana e Tony Blair elegeu-se primeiro-ministro, a Rainha Elizabeth II nunca mais foi a mesma.

O formidável "A Rainha" (The Queen, 2006), de Stephen Frears, filme muito justamente indicado a seis Oscars (incluindo melhor filme, roteiro original e direção), repassa a semana dia a dia. Começa com a eleição de Blair, representante do Partido Trabalhista, reerguido ao poder - depois de 18 anos de hegemonia do Partido Conservador - com um discurso de reciclagem das relações de trabalho, incentivando o livre mercado sem deixar de lado a assistência social. É a famosa Terceira Via que fez de Blair um superstar do neoliberalismo durante a segunda metade da década.

Não foi, porém, a agenda ideológica que impulsionou a popularidade de Blair nos seus primeiros dias de governo. No mesmo dia da posse, Diana Spencer, acompanhada do namorado Dodi Al-Fayed, morre em um acidente de carro em Paris. Torpor generalizado no Palácio de Buckingham. Fica acordado que a família Spencer de Gales fará um funeral familiar. Blair telefona para a Rainha. Esta responde que não fará pronunciamentos oficiais - não cabe à instituição da realeza comentar a morte de uma pessoa que não faz mais parte da família real, argumenta. Blair decide então falar às câmeras em nome do Parlamento. É no emocionado discurso, escrito por um assessor, que surge pela primeira vez a expressão Princesa do Povo.

Não estranhe se Tony Blair, nas rápidas atitudes midiáticas tomadas para aliviar a perda dos ingleses, despontar como protagonista do filme. É a partir de suas reações que Frears delineia a personalidade da Rainha. O populismo de Blair contrasta com a reserva de Elizabeth II, que considera o luto, acima de tudo, um assunto íntimo. O apego da rainha à instituição que ela representa - "nunca hasteamos a bandeira real a meio mastro e não será agora" - é a antítese da retórica televisionada que arquiteta a equipe do primeiro-ministro.

É de valores que Frears fala, no fundo. E o ator Michael Sheen, que já havia interpretado Blair em outra produção de Frears, o telefilme The Deal, se sai muito bem compondo um personagem moralmente complexo. Vista publicamente desde 1997 como uma rancorosa opositora à imagem santa de Diana, Elizabeth II ganha no filme - e na figura estupenda da atriz Helen Mirren, indicada ao Oscar - um pouco de justiça histórica. Seu entendimento do que são os deveres e os limites de um soberano, sua visão de mundo no que se refere a privacidade e símbolos públicos, são bem mostrados em "A Rainha".

Do lado de fora, parece mesmo que a família real só gasta o dinheiro dos contribuintes ingleses. Do lado de dentro - como o diretor de fotografia brasileiro Affonso Beato nos mostra sem sensacionalismo, com o maior dos respeitos, circulando ao redor da rainha sem ofendê-la com dramatizações de câmera - fica mais fácil entender como é complicado ser a representação física, humana, diplomática, de um país inteiro.

(Marcelo Hessel, no site Omelete)

4 comentários:

Anônimo disse...

recomendo também o filme " UM AMOR PARA RECORDAR" É LINDO!!!!!

Anônimo disse...

UM AMOR PRA RECORDAR É UM DOS MELORES FILMES QUE JA VI!
MOSTRA COMO UMA PESSOA PODE Vê AS COISA MARAVILHOSAS QUE DEUS CRIOU E Ñ ACREDITAR Q ELE EXISTA.
COMO O PRÓPRIO FILME DIZ: "NÃO POSSO Vê-LO MAS POSSO SENTI-LO

Anônimo disse...

MARAVILHOSO, FOI UM DOS MELHORES FILMES QUE JÁ VI.
MOSTRA AS MARAVILHOSAS COISAS QUE DEUS CRIOU.
cOMO O PROPRIO FILME DIZ. " NÃO POSSO VE-LO MAS POSSO SENTI-LO."
aBRAÇOS.

CLAU DESIGNER disse...

muito bom em arte e fotografia, deixando claro que só quem reina pode ser rainha.Decidam a qual das 2 prestar a verdadeira reverência.