domingo, junho 13, 2010

Campo de concentração para galinhas

À espera de que minhas filhas tivessem idade suficiente para compreender a trama, aproveitei para reassistir com elas à animação "A Fuga das Galinhas" (DreamWorks, 2000). Vou abrir uma exceção e recomendar a primeira animação neste blog, não apenas porque ela promove boas qualidades como perseverança, coragem, espírito de equipe e amor ao próximo. Tenho outro motivo e já vou deixá-lo claro. Antes, um resumo da história para quem ainda não assistiu.

A produção, que utiliza a antiga e trabalhosa técnica de massa de modelar, mistura aventura e comédia, com pitadas de romance galináceo, mostra um galinheiro no norte da Inglaterra (a Granja dos Tweedy) dos anos 1950, com ares de campo de concentração. Ares, não. A correlação é explícita, exceto para crianças que ainda não conhecem a triste história da Segunda Guerra. As galinhas, lideradas pela brava Ginger, executam vários planos para tentar fugir da prisão, mas todos fracassam. Por que fugir? Simples: as galinhas que não botam a quantidade esperada de ovos são mortas e viram comida.

Cansada dor parcos lucros de sua granja, a ambiciosa Sra. Tweedy resolve comprar uma máquina de produzir tortas de galinha (seria uma alusão aos “chuveiros” dos campos nazistas?). Quando o galo norte-americano Rocky chega “voando” até a granja, Ginger imagina ser ele a esperança do galinheiro; a esperança da liberdade. Mas as coisas não saem exatamente como Ginger planejava. O resto, se você ainda não assistiu, fica por sua conta.

Bem, o motivo que me levou a recomendar esse filme dos mesmos autores de Wallace e Gromit é o sentimento que cria em relação aos animais. Do ponto de vista deles, ambientes como as granjas são exatamente campos de concentração criados para alimentar o prazer degustativo dos seres humanos. Imagino que dificilmente quem saboreia um McChiquen ou avista o logotipo da franquia Frango Frito, com aquele galinho sorridente, pensa no sofrimento a que são submetidas as galinhas criadas para a linha de produção alimentícia, forçadas a comer noite e dia, abarrotadas de ração acrescida de hormônios – tudo para que esteja pronta para abate em pouco tempo, acelerando os lucros de seus criadores/matadores.

Não sei se a intenção dos produtores era a de abraçar essa causa. Se foi, acertaram em cheio. Para minhas filhas e para mim, animais continuam sendo amigos, não comida.

Michelson Borges

Assista também: "A carne é fraca"

5 comentários:

Anônimo disse...

Tive que comentar...
O filme é muito bom mesmo, e mostram diversos aspéctos interessantes.
Existe uma lógica na crítica do modo de produção atualmente.
Mas quanto a questão sobre hormonio, não... os frangos e galinhas poedeiras não são alimentadas com hormonios. Essa ideia existe por que atualmente a taxa de crescimento e produção desses animais é muito superior a de antigamente.
Elas sim, são submetidas a uma dieta muitas vezes muito mais balanceada que a nossa, o que faz, aliado com o desenvolvimento e seleção genética, que tenham capacidade de ter a taxa de produção de ovos, e crescimento corporal que têm atualmente.

Unknown disse...

Muito bom o comentário sobre o filme. Acho que vou assistir. Só queria contar um episódio que aconteceu numa grande escola aqui de Recife. Depois de assistirem a esse filme, duas crianças de 5 e 6 anos resolveram fugir da escola. E conseguiram! Rs... Isso repercutiu na imprensa local e foi um deus-nos-acuda na escola. Pense!

Anônimo disse...

è um belo filme infantil onde nos passa que se existe sonho ele deve ser buscado e nunca desistir. Luta ate o fim e acredite que vc é capaz de realizar o que deseja. vale a pena assistir.

Anônimo disse...

Meu maior sonho é que Jesus volte o mais rápido possível e dê fim a este mundo cruel, tanto para os que foram feitos à sua imagem e semelhança, quanto para os pobres animais que sendo inculpáveis de pecado, sofrem tantas crueldades pela maldição que paira sobre toda a Terra. Sirleide da Rocha.

Vânia disse...

Caro Michelson Borges.
Também assisti ao filme e o analisei sob esta ótica. Chega de sofrimento aos animais. Parabéns pelo teu comentário! Sou vegana e acho que o homem usa e abusa dos animais, depois quer o perdão de Deus para seus erros. Não dá. Veganismo já.
Vânia Rio Claro SP