quinta-feira, junho 15, 2006

Homens de Honra

Promessas de filho para pai, persistência, honra e glória. Temas recorrentes na literatura e no cinema. De tempos em tempos, porém, alguém requenta os velhos clichês de maneira eficiente, já que uma lição de vida não faz mal a ninguém. Baseado na história real de Carl Brashear, "Homens de Honra" (EUA, 2000) mostra o velho embate entre o recruta e o oficial na Marinha, mas fica degraus acima de seus similares, em boa parte graças às interpretações na medida de Robert DeNiro e Cuba Gooding Jr.

Situada nos anos 40, a história mostra as esperanças de Carl (Gooding), filho de um lavrador humilde, em ser alguém na Marinha. Porém, ao chegar no navio, descobre que os negros são recrutados somente para trabalhar na cozinha. Banhos de mar, para os oficiais "de cor", somente às segundas-feiras. Eis que Carl, um belo dia, resolve tomar banho fora do horário determinado e mostrar aos superiores seus dotes como nadador. Após ser preso, consegue, com a ajuda do capitão Pullman (Powers Boothe), uma vaga como marinheiro salva-vidas.

Seu sonho, porém, é ser mergulhador da Marinha. Após dois anos de tentativas, consegue chegar à obscura escola de mergulho, comandada por Leslie Sunday (DeNiro). Lá, seguem-se as cenas de praxe, entre elas a que todos os outros recrutas deixam o alojamento no momento em que Carl entra. Claro que sobra para ele um amigo, o tímido e gago Snowhill (Michael Rapaport). Não há dúvida de que o filme mostra Carl como a pessoa mais perfeita e determinada do mundo, além do melhor mergulhador que a Marinha americana já teve...

Uma curiosidade no elenco é a presença de Charlize Theron, uma das jovens atrizes de maior prestígio no cinema atual. Charlize tem uma pequena participação, como a jovem esposa de Robert DeNiro. Mas suas cenas não são lá essas coisas.

Nunca se sabe, em filmes baseados em história real, o quanto há de verdade. Mas o preconceito não é atenuado pelo diretor George Tillman Jr., que, aliás, também é negro. Este é o segundo filme do cineasta, que estreou com o igualmente melodramático "Sempre aos Domingos", que enfoca a tradição do almoço dominical de uma família afro-americana.

Apesar de "formulaico" e longo demais, o roteiro acerta em cheio no desfecho, que, claro, ocorre em um tribunal militar. Após perder uma perna em acidente, Carl é obrigado a andar com uma roupa de mergulho com mais de 100 quilos para provar que ainda é capaz de continuar na profissão. E você pensava que sua vida era um calvário...

(Terra Cinema)