terça-feira, abril 25, 2006

O Oscar Schindler adventista

Depois que intensifiquei alguns projetos e comecei meu MBA na Universidade de Pernambuco, tenho tido cada vez menos tempo para coisas de que gosto, como ler, por exemplo. Ou assistir algo como "Hotel Ruanda" (2004), um contundente relato do que foi o genocídio nesse país da África, resultando na morte de 800 mil pessoas.

O filme conta a história de Paul Rusesabagina (brilhantemente interpretado pelo ator Don Cheadle), gerente do Hotel Des Milles Collines, por ocasião do recrudescimento do ódio entre as duas etnias que dividem o povo ruandês: os hutus e os tutsis. O acirramento aumentou com a morte do presidente Habyarimana, fiador de um acordo de paz entre as etnias. O líder, da tribo hutu, foi morto por membros do seu próprio partido, que não tardaram em culpar os tutsis e iniciar o maior massacre da história contemporânea.

Paul, um hutu, era casado com a tutsi Tatiana (Sophie Okonedo) e usou todas as suas influências com pessoas ligadas ao governo, guerrilha e militares para salvar a vida de sua família. Como manda-chuva do luxuoso hotel, "um oásis no deserto", ele faz mais do que isso. Salva 1.268 pessoas, refugiados, órfãos, feridos que conseguem chegar ao hotel e por algum detalhe divino escapam do triste destino de virarem meras estatísticas na lista de assassinados. Para proteger o local e os "hóspedes", Paul subornou com dinheiro, bebidas, charutos e o que mais tinha à mão e, quando o material acabou, apelou à vaidade alheia e à influência do dono belga (Jean Reno) da rede hoteleira, que tinha ligações próximas com primeiros-ministros e generais.

O filme se desenvolve em uma narrativa simples, quase didática, como se o diretor Terry George sentisse a necessidade de que todos entendessem o que aconteceu naquele país. A postura de Paul deixa uma extraordinária lição sobre como se comportar em momentos de crise intensa, como desenvolver uma negociação em situações extremas, e uma sensivel demonstração de vontade de salvar vidas sem nenhum valor em uma terra dilacerada.

O mais interessante é que o verdadeiro Paul Rusesabagina (na foto ao lado, à esquerda do ator Don Cheadle) estudou durante 12 anos em um colégio adventista do seu país, e formou-se em Teologia em Camarões, como você pode conferir nesta apresentação em PowerPoint. Conhecer a história desse líder ajuda a entender a postura de movimentos cristãos no episódio.

Heron Santana é jornalista em Recife, PE. Texto originalmente publicado no blog Parajornalismo.

Um comentário:

E. C. O. Schulz disse...

Esse filme, eu considero um documentário.

Porém é impossível falar dele, e ve-lo sem antes conhecer o que foi o "Neocolonialismo", e as assim chamadas "descolonização" que houve na Africa.

Entendendo bem isso, pode-se entender muito mais claramente o contexto do filme. E muitas idéias que ele quer transmitir.


O filme tem alguns cenas muito marcantes. Como quando o general da ONU diz para o Pool que ele deveria guspir nele.
E também quando disse qual seria o comportamento do mundo, quando virem pela TV o que acontece em HUanda:
"Eles vão assistir, ficar sensibilizados. E depois vão jantar."


O filme é ótimo para reflexão. Ele é faz-nos refletir muito no "mundo", no que realmente o homem é. Como somos miseráveis, loucos, tão degradados.
O filme me fez pensar muito no que foi a CRUZ para Cristo. Imaginei o tanto de assassinatos, pecados, dores, sofrimento, horrores... etc. Com que Ele suporta. E mesmo assim, ainda deu a vida por esses seres.


Esse filme é ótimo. Mas recomendo que não assista com pessoas sem maturidade. As vezes, para alguns é até bom, para adquirir um pouco. Mas de maneira alguma, assista com uma criança.
E se prepare para o impacto do filme, e para não conversar com ninguem após ver o filme. hehe

Mas, o mais recomendável, é que se entenda o que foi o Neocolonialismo. Pegue um livro de HIstória. Umas 2horas que você use para estudar o assunto, fará uma absurda diferença quando assistir o filme.