Apesar da sensação de algo já visto que "Encontrando Forrester" (Finding Forrester, 2000) pode dar, pois repete a trama de "Gênio Indomável", dirigido pelo mesmo Gus Van Sant, trata-se de um filme muito bom. Principalmente pela atuação do magnífico Sean Connery (o eterno James Bond, o agente 007).
É um prazer imenso vê-lo em cena; e como o escritor William Forrester ele está ainda mais convincente. Connery é daqueles atores que cativam o espectador, dando uma sensação de intimidade. É como ir ao cinema para reencontrar um velho conhecido.
Em "Encontrando Forrester", o "gênio indomável" é Jamal (o estreante Rob Brown), um jovem estudante, bom jogador de basquete e com aspirações literárias. Residente no sul do Bronx, com sua mãe e irmão, Jamal e seus amigos sentem curiosidade em relação ao solitário morador do apartamento em frente à quadra onde treinam. Ele é Forrester, o escritor vencedor do prêmio Pulitzer com seu primeiro romance, que vive recluso e nunca mais escreveu outro livro.
O personagem é associado a escritores excêntricos, como J. D. Salinger. Os amigos desafiam Jamal a invadir o apartamento de Forrester. Ele aceita a provocação, mas, ao ter que fugir rapidamente, esquece sua mochila no local. Quando a recupera, percebe que Forrester mexeu em seus cadernos e corrigiu seus textos.
A partir daí, inicia-se uma amizade entre os dois e Forrester torna-se o mentor intelectual de Jamal. Nesse ínterim, os bons resultados de Jamal nos testes escolares o levam a obter uma bolsa de estudos na escola particular freqüentada por "filhinhos de papai". Acertou em cheio, quem apostou que é ali que começam os problemas de Jamal.
Não bastasse ser pobre, Jamal também é negro. Daí para ser discriminado pelos colegas não precisa muito. Mas não é apenas isso. O excelente aluno (além de jogar bem, Jamal é inteligente e articulado) também é perseguido pelo professor Crawford (F. Murray Abraham, de Amadeus), um escritor frustrado.
"Encontrando Forrester" é até melhor que "Gênio Indomável", a história flui bem, não apela demais para tons edificantes; e Jamal não repete o personagem de Matt Damon, que, por sinal, faz uma brevíssima participação no final do filme.
A produção realça a amizade dos personagens, a importância da presença de Jamal na reclusão de Forrester. Ele acreditava que tudo já estava definido em sua vida, que não havia mais nada a ousar. A parceria entre o ator estreante e o tarimbado Connery funciona muito bem. Por isso, em alguns momentos "Encontrando Forrester" emociona.
(Universo HQ)
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